clara nunca foi uma criança normal.
não tinha olhos de jaboticaba como em qualquer história. os seus, eram claros, azuis e elétricos.
nunca soube faroeste caboclo de cór.
mas nunca nunca era sempre.
a menina sempre quis fazer saudade. não sei onde ouviu ou viu isto, mas queria
(...)e de todo jeito.
era livre pra decidir. tinha o amor em suas mãos e as cartas na mesa.
não contente, fez-se liberdade e foi pra cidade.
a luz da metrópole cobria sua face.
- lá vem a cidade -
eu juro que clara disse isto duas vezes
- lá vem a cidade -
o mundo era agora da menina.
era um lugar sem lei. onde as bicicletas andavam sozinhas, e nós, desconstruíamos qualquer crime, pecado ou dúvida.
e esquecer não posso, dos nossos encontros e desencontros escritos certo por Deus em linhas tortas.
nossa vida não era contada por minutos, mas por momentos que ninguém me avisa que teria de lembrar.
a cidade vai, a cidade fica, e atravessamos o dia, a tarde e a noite.
não soube porquê clara não disse tchau, foi à Deus.
mudou de canal.
o resto? fez-se saudade.