quinta-feira, 28 de agosto de 2008

janela.

não é o que se pode chamar de pesadelo, mas é passar em claro mais uma noite escura.
cura a dor de quem encosta no canto e canta.
mesmo em qualquer móvel, fica imóvel.
me desatino, desafio, desafino.
dar tiros à esmos, até que me tiro e me atiro.
é lembrar do passado e passar a limpo.
na janela vejo a rua que dorme com o tempo.
não sou nenhum quixote, não que eu não saiba.
e confundo amores com fundo de verdade, com moinhos de vento.
com o redemoinho da minha aguaceira que lava a erupção.
mas a luz apaga.
um caminho, curtinho, um consolo. com sono.
vá dormir, pois aí me tem.
volta janela.

domingo, 24 de agosto de 2008

e lá fora continua sendo fora.

eu quero andar, e me deixo ir.
me fiz um cenário, na rara alegria de um canário.
crio para mim a constelação de brilho raro.
assim, intero a metade que me falta.
eu abraço o mundo, roubo as flores, para escolher perfumes.
me perder por aí, sem perder minh'alegria.
fazer minhas rimas rir.mais.
só quero brincar, me vem de encontro às minhas preces.
crio pra mim, meu sol.
sendo assim, não fico mais só.
me abraça, me brilha.. sem pressa, sem prece, pois lá fora, continua sendo fora.
"narciso acha feio o que não é espelho"

noite circense.

quando chover, lembre da cor dos olhos.
corre o que correr.
mas corra!
quando a música penar a alma penada, para de tocar.
é tanta chuva.
e a mãe já dizia pra não sair quando água vinha.
'xô' ver quanta chuva tem...
do alto da ladeira, lá deixo meu corpo se atirar.
mas não atire minh'amora, nem à tire de mim.
a velha à toa, atordoada, ri de mim do nada, e eu nado sobre o rio desta aguaceira.
noite serena.
noite circense, sem senso, sem sensores, sem censura.
cem por cento de nada.
e na lona rasgada, fim de chuva.
fim de palco.
sei de cór, que não tem mais cor.
a água levou tudo.
mas já tem um tom.
já tem um som.
do alto da ladeira, lá deixo meu corpo se atirar.
fico leve, mas não leve minh'amora!
e a velha à toa, atordoada, ri de mim do nada, e eu nado sobre o rio desta aguaceira.
e a chuva nunca para de cantar.

domingo, 17 de agosto de 2008

dos que verão (no inverno)

sem satisfação de quem viver,
de quem verá.
me escorre nas veias a falta de opção
corre a mentira de quem antes diz a verdade.
sentados no chá de certo crime, lembrado em outonos.
outrora dos dias que passaram pra eles, que verão no inverno.
é versão de quem diz o inverso.
dos que foram seu passado sem presente
sem presença
dos que tem fome e morrem de vontade
do dia em que todos eles te lembraram e te esqueceram.

domingo, 10 de agosto de 2008

poucas velhas vogais (em retalhos de cetim)

relacionar minhas dez mil e uma vidas paralelas nunca foi fácil, sendo assim, pude eliminar um dos (então) dez mil destinos que viriam à tona. meus padrões vão de belos a estranhos. arrebato amores à minha volta, liberto as memórias de cárcere da minha rotina.
as velhas vogais, ficaram longe de mim. na verdade, eu desliguei as vogais, converti em consoantes, muito tempo depois(nunca é tarde), é excesso demais. confusão demais. as (poucas) velhas vogais, se tornam novas, por minha vontade, minha procura, meu amor. pensando bem, amor é dividido por duas vogais e duas consoantes. então apago as duas consoantes, deixo como antes, vira "ao" mas como eu sou diferente, me adiciono no meio, junto minhas vidas em uma, e tudo se torna. retorna -AOS- m.eu.s amigos, melhores que quaisquer outros, que quaisquer tudo.

tudo novo (de novo) em retalhos de cetim, em poucas e velhas vogais.