mulher forte

meu raio de sol é um milagre
se a vida é tão rara, o resto já não importa. já não procurava mais nada para mim, mas Deus se mostrou mais vivo do que o que é real e me deu este presente.
este milagre.
este amor.

sem saber, você já havia se declarado para mim. mesmo odiando, foi ao cinema comigo assistir à um filme do woody allen. e, hoje, aguenta ouvir todos os dias os mesmo dave matthews ou cranberries.
não tenho medo de acabarmos, só não estaremos lá se isso acontecesse.
um dia desses a gente completa 2 anos numa tarde só. no nosso amor meio jacques tati, eu tento decifrar cada mímica que prende e desata em nós.
menina forte quando conheci e encantei.
depois de mais de ano sonhando contigo, você me aparece mulher.
muito mulher e impõe nossa relação, mas se mostra como jamais imaginei:
abri a caixa (onde estava escrito: "cuidado, frágil"): estavam lá você e nosso namoro - que me pegaram no susto e me prendeu o ar.
é, amor, de menina forte, você me veio mulher frágil.
tão linda, tão minha, tão frágil, mas tão mais forte.
prometo cuidar bem, muito bem de você e de nós.
até a nossa morte, amém.

a(-mor)te-vida (ou a vida da gente é tão frágil)

não há nada de concreto entre a
vid.amor.te
só a abstração do amor
e um pouquinho de sorte.


AMOR
sem amor
não há morte
a morte em si
é amortecida
pelo amor

MORTE
sem a morte
não há vida
não houve amor
não haveria
nada

VIDA
sem a vida
não há amor
é o contrário
para morrer
viva!

não duvide da dádiva da vida
da tristeza do amar
da tragédia que é viver
e morrer.

haverá amor

naquela grama verde que você mais gosta, estaremos deitados com o sol em nossa cara e eu tentando cobrir seus olhos com minha mão, mas mesmo assim você querendo olhar minha boca vermelha por suas mordidas. o sol vai estar espalhado sobre nosso corpo e, então, deixaremos para lá, porque depois estaremos dividindo a cama e eu rindo de você fazendo suas piadinhas bestas sobre tudo.
mais tarde você bagunçará meu cabelo e me chamará de james dean, tiramos fotos e eu direi: "nunca estive tão feliz". você vai responder: "eu estou sempre feliz quando estou simplesmente passando meu tempo contigo."
assim é nosso amor por toda nossa cabeça, por todos os olhares, por fora e por dentro do nosso corpo, no ritmo que embala e desata o(s) "nós".
escrevo isso porque li no meu mural aquele recado que você me deixou, onde diz que me ama e, por isso, você deixou este bilhete lá, para me lembrar sempre que eu o ler, o quanto você me ama.

queremos que dure, que vire casório, que seja sempre nós.
que assim seja, que assim tentemos.
sendo ou não, haverá amor.
haverá sempre amor.

get inside my head

"não queria estar apaixonada, mas estou".

eu não quero te deixar, eu não queria te amar, mas estou tão certo disso como quando sei que vou gostar de um filme do woody allen, ou como quando sei que vou gostar de uma música do cranberries.
seja o que eu quero para mim e eu te prometo ser o que você quiser que eu seja.
tire tudo de minha cabeça e faça como pensar.
se quiser, estarei sempre aqui, ali fora ou dentro de cada sonho seu.

não há outro lugar onde eu queira descansar que não sejam em seus braços e abraços.

dezesseis de outubro de dois mil e dez

eu não consegui dormir. fiquei pensando em como mergulhei tão fundo.
me preocupo com questões tão bobas que eu sei que ficarão bem.
é apenas exagero.

e só de lembrar que foi no meu carro todo embaçado de nós que você impôs nosso namoro, que, enfim, consigo dormir.
dezesseis de outubro de dois mil e dez.

throw your arms around me

se eu pudesse, eu faria você saber que quero apenas segurar sua mão e envolver-me em seus abraços.
quero meu futuro em seus braços.
te separar de mim é a forma de Deus mostrar que a morte não é um grande desapontamento.
não quero que parta.
não pense em ir.
para onde você iria?
seu lugar é aqui, seu futuro é me manter entre seus braços macios.
mesmo sem respostas eu tenho uma única certeza:
onde você estiver será onde irei estar.


por favor, mais um drink e eu esqueço.

quanto mais?

como a gente gosta de sair nesse céu mineiro, né? azul, sem nuvens, num lugar aberto e só nosso, só nós. podia ver o suor no seu rosto depois de tanto você correr de mim. o tempo passava e não nos víamos mais separados.
depois do dia de sol na praça, a chuva começou a cantar.
ficamos dançando e dançando com a boca aberta, sentindo nossas línguas, gastando o nosso tempo, rolando na grama.
meu amor, você me abraça tão bem.
quando isso for passado, eu vou sentir falta.
então chegou a noite, gostosa e fresca e eu disse para irmos, você me disse:

- vamos, amor, vamos ficar mais. nós precisamos rir mais. assim a dor que vai embora e a gente que fica.

nunca é sempre

então eu me vejo no fim de um espiral. quisera estar no início.
acabou o que tinha, acabou o que teria, acabou o que tem.
foi embora e levou os livros do hemingway consigo. tão longos e intermináveis quanto ela.
acho que nós é que somos intermináveis.

e assim, a ursinha pequena se foi.
acho que para sempre.
não!, acho que nunca é sempre.

nosso tempo I

eu passaria o dia inteiro olhando para você;
eu passaria a semana inteira ouvindo só você;
eu passaria o mês inteiro sentindo você;
eu passaria o ano inteiro tendo você;
eu passaria a minha vida inteira voando com você;

eu, passarinho.

whatever works

alguma coisa se perdeu quando eu tentei nos decifrar.
estava querendo saber se ainda poderia te acompanhar no caminho de casa, mas se você vai sair com outra pessoa, tudo bem, deixa pra mais tarde.
eu te tenho na minha cabeça, eu te tenho em mim.
não quero mais ninguém.
só quero você de cima pra baixo, de dentro pra fora e pra lá e pra cá.
decifrar a gente me provou que eu te amo e eu sei que você me ama quando começa a doer.


não temos nada a perder.
tudo pode dar certo.

me respire

"eu gostava mais do frio quando você estava aqui para me aquecer. me prendia o ar ao chegar de surpresa. sinto saudade de te culpar por eu não ter comprado pão, ou por deixar a caixa de leite vazia na geladeira só para lembrar que precisava comprar mais.
navegamos na esperança enquanto estivemos no mesmo barco, entre passeios e danças e gritos e músicas.
viajaremos milhas quando eu voltar, vamos cumprir nossa parte.
temos que acabar para (re)começar.
você será amado por alguém muito bom.
vamos arrastar nossa noite até o nosso tempo acabar.
me respire.
eu vou te amar até o meu tempo acabar!

luísa"

"nosso amor é meio jacques tati."

quando luisa se foi - pela 4ª vez - levou tudo e só me deixou uma barra de milka ao leite já no final e um bilhete:
"nosso amor é meio jacques tati."

aquela música

cadê você, luisa?
aqui as árvores estão caindo.
por que você saiu há tanto tempo e não voltou?
quando você voltar vai me amar amanhã e depois de amanhã?
amanhã você vai voltar?
eu estou cantando devagar.
aquela que disse chegar perto de você não chegou.
você não chegou!
quando cantamos nossa última música, tão otimista, você se foi.
"on the radio" não faz mais sentido até sua volta, mas ainda sim tenho que ouvi-la todos os dias. é a minha única novidade que posso criar em todos os meus amanhãs.

"This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath"

estávamos dividindo uma bebida que chamamos de solidão.
melhor do que ficar a só.

learn to fly I

hoje eu peguei um barco para o fim do mundo. aprendi a voar. o céu passava ao meu lado, talvez triste, azul.
acho que descobri que posso fazer o melhor que posso que depois não importa.


"se eu fosse um cara diferente, sabe lá como eu seria."

cuidado, frágil

luisa veio em uma caixa escrito: cuidado, frágil.

luisa é para sempre

acordei e, de relance pensei que aqueles suspiros no chão fossem pegadas. só que não. eram suspiros que, mesmo pisados estavam deliciosos. típico de luisa.
estava igual um bobo comendo aquelas delícias quando percebi que caíra na trilha dela. lá estava ela; vestida do jeito mais lindo que ela sabia: nua.
foi a nossa páscoa.
luisa sabe o que faz. de qualquer forma, luisa é para sempre.

a voz veste preto. e branco

era eu e o lugar mais sombrio que já havia visitado. era um sonho.
neste sonho ninguém sorria, ninguém nunca amou, ninguém era de verdade. o maior amor era o de um vouyer assistindo sua vizinha se despir.
e todas aquelas vozes tortas em cada beco que passava, me reduziam cada vez mais. dentre essas, uma voz suave começou a me perseguir. era a única cor daquele lugar preto. e branco.
veio para me proteger, e depois, tentou ir. embora eu não tivesse respostas para ela, descobri que onde ela estivesse era onde eu queria estar.

I loved you first

Luisa,
essa última semana foi estranha, parecia que minha vida andava para trás. eu senti uma falta danada de você. falta que não sentia desde que partiu. o clima não era de um céu mineiro, mas de um tempo paulista que só chovia. fez um frio bem bom. A faculdade está legal. Você sabe que não converso com ninguém ainda, né? É claro! Hoje uma menina ficou me chamando por 3 horas até que eu percebi que era comigo que ela estava falando. O pior é que só tinha eu e ela na sala - era intervalo -, que culpa tenho eu de pensar que ela estava falando no celular? Todo mundo fala no celular hoje em dia, sei lá, é a nova pornografia.
Lui, era uma quinta-feira, e passamos a tarde na Praça da Liberdade. Dissemos: "vamos descansar" e, quando tentamos sair novamente, percebemos que não éramos mais crianças e fomos para sua casa. Passamos por todas aquelas pessoas: Crianças que não sabiam do futuro, os velhos que tentavam reavivar o passado pois não tinham futuro. Andamos rápido que ninguém nem sorriu. Você sorria para lua como se a conhecesse. A chuva era grande, sua casa ainda estava distante e eu tropecei. Você continuou e simplesmente gritou: "Não há porque se despedir!, eu voltarei quando estiver pronto para me chamar!"
Luisa, eu te beijei primeiro até o amanhecer. Eu fiz primeiro o seu café da manhã quando você parecia dormir para sempre. Você disse que estava tudo certo.

Luisa, eu te amei primeiro.

É carnaval, Luisa!

Luisa,
É carnaval agora. Lembra do último carnaval que subimos nas mesas até sermos expulsos? Eles não entendem a gente. Eles não merecem a gente. Hoje é o dia em que os mascarados procuram seus namorados. Foi no carnaval que Chico perguntava pra Elis: "Quem é você?" E Elis fazia o jogo: "Adivinha se gosta de mim." O poeta queria entrar no bloco da Pimentinha que, por sua vez, queria arder no fogo de Chico.
Luisa, te escrevo nesta manhã dominical de carnaval para dizer que hoje sou da maneira que me pedir. Seja você quem for, seja você o que Deus quiser.
Deveríamos acordar, nos vestir e seguir o bloco na rua até você me deixar te levar de volta pra casa. Digo que suas palavras seriam: "Obrigada, foi lindo, vamos fazer um próximo encontro, em breve, de tarde."
E foi assim que aconteceu, lembra?

Para Clara Luisa

Luisa,
Entrei na faculdade. A gente cresce, a gente não é mais criança. Luisa, a gente não é adulto. Não sei se preciso dizer muita coisa sobre como foi esta primeira semana. Você já deve saber bem. Se estiver pensando que: provavelmente não conversei com ninguém, prestei atenção na aula, nos intervalos não interagi socialmente - até porque este é o meu ponto fraco - e fiquei lendo um livro genial que meu pai me deu, você sabe que acertou. mas acertou parcialmente, porque eu fiquei bolando planos para te surpreender. Talvez não consiga chegar de mansinho, no susto que me prendeu o ar uma vez, como você fez, mas, eu prometo que tentarei ser bom. Acho que vai ser num dia bem bonito, como interior de Minas. Aquele céu bem bonito, com pouquíssimas núvens e um calor muito gostoso. Por que não vamos pra Serra do Cipó andar a cavalo? Pegar um pouco daquele vento interiorano com cheiro de bom. Lembra quando falávamos que alguma coisa, qualquer coisa, estava com "cheiro de bom"? Como quando eu fiz aquele pé-de-moleque que minha vó me ensinou.
Eu sinto falta de ser seu, Luisa, sinto falta de ter nós, de ser nós e de ter que desatar os nós que a vida dá. Quero te pedir desculpas, Clara Luisa por não ter falado nada naquela vez que te liguei. Aliás, foi eu quem ligou, é um número diferente que eu tenho e que não te falei. Acho que com a coragem que a distância dá, consigo escrever o que queria falar. É até melhor, pois escrevo deliberadamente e sem pausas para comentários. Prefiro que comente tudo de volta pelo mesmo meio que recebe isso. Já não sei se prefere que te chamo de Clara ou Luisa. Vou te chamar de Vida, Clara Luisa. Falando nisto, conheci uma menina muito gracinha. Estamos nos conhecendo ainda. Chama Juliana. Ela leu "A Sombra do Vento" e, adora o nome Clara. Juliana disse que compreende Daniel, mas que teve uma queda por mim - Julián Caráx -.
Vida, tenho medo de não termos mais nossos telefonemas nas madrugadas até acabar a bateria de um celular. Não se perca de mim. Estou te esperando para jogarmos Perfil. Minha mãe comprou um Perfil 4. As coisas mudaram por aqui. Minha avó está morando conosco. Quando elas está triste eu falo que eu passei na faculdade e ela fica muito alegre. Voltando para o assunto da faculdade, eu juro que vou tentar fazer amizade com as pessoas da minha sala. Eu sei que você ia querer que eu fizesse isso. Lembro quando me xingou por ser tão insociável. Mas eu juro, eu juro que vou tentar fechar o livro e conversar com as pessoas lá. Esqueci de te falar que só tem meninas lá, é um paraíso. Mas também é um paraíso de fofocas e conversas. Não importo, presto atenção na aula quando não fico pensando em como te surpreender. Aí sim você vai gostar, Aí sim.

João

pai, me ensina a voar?

você me disse para balançar meus braços e aprender a voar.
ao passo que eu pulava, pedia: "Pai, me ensina a voar?"

mas foi você quem saiu voando enquanto gritava:
"agora eu sou tão livre(...) e isto você nunca vai mudar."

mas luisa vai voltar.