domingo, 28 de dezembro de 2008

deu nó, foi-se embora.

eram dois amigos, dos melhores.
eram os dois melhores, e amigos.
eram os dois melhores amigos.
não sei porque agora eram, as almas tinham a mesma cor.
eles sabiam de cór que alma não muda de cor.
choravam a amizade em alemão.
havia mais de dez mil destinos.
mas agora já foi, deram um nó e foi-se embora.

domingo, 21 de dezembro de 2008

f.ato I

alice andava atarefada demais. mas para uma jovem médica estagiária, atarefada é uma palavra muito pesada e inconveniente.
não para alice.
alice tinha o mundo nas mãos.

pedro andava em linhas tortas. por (infeliz) coincidência, fora atropelado por dez mil cartas de leitores furiosos por sua última crônica.
pobre pedro.
o mundo queria pedro nas mãos.

a missão de alice era estudar para cuidar de pessoas num próximo futuro.
a de pedro era apenas ensinar as relações sobre a rotina da sociedade num jornal da pacata cidade.

feliz alice: 8 anos se passaram e agora escrevia sobre como evitar e tratar doenças no mesmo jornal do outro.
pobre pedro: agora trabalha em uma imobiliária... não foi perdoado(!) mas no momento se encontra no hospital (ainda andava em linhas tortas).

pedro se descobre com labirintite.
alice... bem, agora alice tem o mundo e pedro nas mãos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

aquecer, evaporar.

um beijo seco no portão dos meus ouvidos
seu beijo seco de bala perdida me encontra perdido abrigado na santa paz
o beijo curte, a bala corre e voa
a bala fura os portões, o beijo é quente
bonito e complexo como um projeto louco
de fogo e bonito como quem é forte e chora de medo

a vida espalha a noite
a santa paz fora do jogo
pois o que fala é a tarde
naquele circo da aguaceira que lava
onde quando não chove, não há espetáculo.


"aah, evaporar."

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

nem menos

não falo em horário
prefiro gastar meu tempo vendo o vento

o vento não é nada sem direção, e nada é mais tarde do que a noite.

sem mais, nem menos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ou sim ou não ou não sei sim

quando digo tudo, nada faz sentido.
há muito o que fazer.
ou não, ou sim, ou não.

sou nada, tudo de nada, cheio de nada, totalmente nada.
sou antítese da minha piada.
sou contradição de tudo,
de nada vale ter o pão sem perder a vida, e ainda ser ladrão.

eu sou ladrão dos meus sonhos, no meu sono, no meu eu.
eu, meu, seu!
eu sou um museu de cera.

não!
sou dado a sonhos
como um soldado de chumbo
aí sim, o meu museu, é seu também
só não se perca nos caminhos que vem ou vão.


é a certeza da inconstância que me faz ir e vir.

domingo, 16 de novembro de 2008

egoísta

sou ser urbano, ser humano, corpo santo
os amores e aromas são possibilidades de felicidade
altruístas ou não
curtos como um sonho bom
o livro deixo no ar
me livro do aquário
faço meu encontro singular
na minha mania de narciso
vou na onda do vento
desço rua abaixo
subo e eu morro

o livro livre do mundo.

eu gosto do gosto, do bom gosto, do bom senso, do mundo, de mim, de ti, de tudo.
gosto dos livros, meus, teus, nossos.
um suspense pra dizer o sim. um romance pra fugir de tudo, de todos os caminhos.
são livros, mais de (quarenta) mil destinos.
e no fim, eu vou gostar quando puder ler teu mundo. e gostar mais ainda quando puder estar a ler com você.




pra você, pra mim, e para nossa circunstância.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

eu não sei dizer

e é assim
do jeito que a gente combinou esquecer
que eu ainda lembro
e é assim
era luz, era água, era meu corpo dentro do seu copo vazio

não é assim
eu não sei ser, não posso ser.
eu não sei dizer se púrpura é a cor do coração,
se estou cheio de vazio por tanto amor.
se é todonossodia nossa vida de cor.ação puro, de cor púrpura,

eu vou querer ouvir o que você quiser

o que tem de mim.
e você saberá quando achou a nossa perdição.

no pain, no gain (é o que dizem)

a caça caça.a.dor
é o que o pouco de tudo é
são artifícios que usamos para sermos ou parecermos mais reais.
e a cidade ainda espera a saudade, para sermos só as partes do seu livro.
sem perda, sem ganho, e,

sem a dúvida da vida.




no pain, no gain, é o que dizem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

uma breve história da tristeza

tempo escorre em nossas veias
corre sem filtro
o breve pulsar, soltando fumaça
e viaja no mundo sem fim
talvez não
tempo corre contra o fim
a fim de escorrer pelo ralo
enfim silêncio
enfim gritando: nada é tão triste
assim
,
sem disfarçar.


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uma breve história do amor

não há nada de concreto entre a
vid.amor.te
só a abstração do amor
e um pouquinho de sorte
o que vem chegando?
um acorde
do fundo da poeira
na fogueira, a poesia do fogo fala:
não fique aí parada
na vida funda
como um mar.tírio
onde atiro na morte, tiro a vida
e fundo o amor.
afinal, quem ama não vive, só ama.

depois vive, duvida, e, evita.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

das cores

talvez da idéia bonita
talvez da dúvida
ou mesmo a certeza que há na triste figura
além das cores
as cores dos arcos e das flechas
que partem o coração do pobre sujeito
perdem o tom e partem pra casa.
é muito mais dificil acreditar
quando não há nada mais para se crer
para ver
e para amar.
pra falar a verdade
ainda sobra o tom e o som.


ainda há cores para se contar
e cores para nos contar histórias dos seus
aromas
amoras
e
amores.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

cemitério das palavras perdidas III

cai a noite no cemitério das palvras perdidas, e as estantes carregam o cheiro da poeira, neblinando o que elas querem contar.



quando as palavras perdidas quiserem falar-te algo, pare para ouvir.


é noite, é tododiassim
o sol aquece, e a tarde cai em desgraça.
ser assim, espalhando e refazendo, fazendo.


mesmo à noite, sem compromisso.

cemitério das palavras perdidas II

olhe mais a fundo.



nos retalhos de tal sombra, o vento formava a silhueta dos meus amigos, feitos de papel e tinta. as manchas de tinta tão suave... é a chave de um mundo, incompreensível, onde eu vejo a luz, vejo as minhas ruas (que ainda sempre me perco), vejo o mistério das pessoas. a chave me abria um mundo sem fim, salvo deste caos, de dias turvos, entorpecidos, iguais a tantos que andam loucos, iguais a loucos que ainda andam, iguais a santos que andam loucos de satisfação.


vi os retalhos de minhas histórias mais uma vez.
mais do que gostaria de lembrar.


e ainda é só o começo,
ainda é cedo.

domingo, 19 de outubro de 2008

cemitério das palavras perdidas I

o cemitério das palavras perdidas é a cidade dos malditos.
vi os retalhos das minhas histórias mais de 3 vezes.
vi a abstração da vid.amor.te mais do que gostaria de lembrar.
ainda não garanto que eu vivi.




isso é só o começo.

domingo, 12 de outubro de 2008

as horas

e naquele inverno todos viram o que há de inverso. -"verão o outono outrora"-, dizia o senhor de mais de 100 anos de solidão.
as horas que passavam, ora era o que não conheciam, ora era a sinceridade de algum lugar fora do mundo.
entre tantos outros, quem orava, tinha tempo de chegar ao fim.
mas não passava de castigo.
nunca, pois era antigo, relógio passado,
nunca,
porque nem sempre.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

todoeuassim

eu sou assim:
ser espalhado, aquecido, refeito.
tododiassim.
com adição, condição e condução.
quando te espero aqui, te vejo tão pura, nua, hora que está mais bem vestida.
me espalhando na parede do quarto.
me aquecendo como o calor do sol na noite inteira.
me recriando de qualquer maneira.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

pe(que)na

menina de lá.
de lá de longe
por tanto amor
de solidão
só lhe dão
o mar da solidez
portanto é nosso
entre tantos outros
é secreto
pe(que)na
somos eu, morena.
sou nós, pequena.
que pena.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

porque nem sempre I

e naquele verão, passaram o passado à limpo.
choveu todos os dias
praguejavam pro tempo passar tão rápido
embora dissessem (num ode à relatividade)
que a cidade das sombras não tinha futuro.
por ventura, por a acaso
não havia nada de concreto na mente desta polis cheia de vid.amor.te
só a abstração do amor e um pouquinho de sorte.

e alguma coisa acontece no teu coração.
achavam
melhor nunca contar pra ninguém, só pra Deus.
mas ninguém nunca(...)porque nem sempre.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

a sombra do vento


eram outros tempos
outros aromas, outros amores ou trote da vida.
outro te amou, te mudou e amargurou.
à sombra do que está por acontecer é o resto do retrato passado a limpo.
passa do tempo em que num lugar fora o mundo está o vento despedaçado, em retalhos.
agora, virando as voltas que esta vida dá, já nem sei que caminhos vêm, que caminhos vão.
mas, ao passo que me vem todo dia a falta da monotonia, falta escassez da contra-mão, contra a contradição.
entre as sobras, da sublime tarde, vem todo mundo que é de mim, e assombra quem não me quer assim.
e nós, nos perdendo sobre a sobra da nossa saudade, sobre a sombra do vento.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


eu vou descansar e casar;
cansar e descasar;
eu só quero caso;
é vida curta enquanto dura, como um curta metragem;
e no meu longa sem nexo, te faço sexo até a vista cansar.
e se vista para alcançar o nosso céu. 'agora, agora, virando as voltas que esta vida dá'
____________



carta

carta curta
calça curta
curta a festa
curto texto
vida curta
e ainda encurta,
curta!
____________
contextualizando

o mundo
um mundo
in mundo
in memorian.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

janela.

não é o que se pode chamar de pesadelo, mas é passar em claro mais uma noite escura.
cura a dor de quem encosta no canto e canta.
mesmo em qualquer móvel, fica imóvel.
me desatino, desafio, desafino.
dar tiros à esmos, até que me tiro e me atiro.
é lembrar do passado e passar a limpo.
na janela vejo a rua que dorme com o tempo.
não sou nenhum quixote, não que eu não saiba.
e confundo amores com fundo de verdade, com moinhos de vento.
com o redemoinho da minha aguaceira que lava a erupção.
mas a luz apaga.
um caminho, curtinho, um consolo. com sono.
vá dormir, pois aí me tem.
volta janela.

domingo, 24 de agosto de 2008

e lá fora continua sendo fora.

eu quero andar, e me deixo ir.
me fiz um cenário, na rara alegria de um canário.
crio para mim a constelação de brilho raro.
assim, intero a metade que me falta.
eu abraço o mundo, roubo as flores, para escolher perfumes.
me perder por aí, sem perder minh'alegria.
fazer minhas rimas rir.mais.
só quero brincar, me vem de encontro às minhas preces.
crio pra mim, meu sol.
sendo assim, não fico mais só.
me abraça, me brilha.. sem pressa, sem prece, pois lá fora, continua sendo fora.
"narciso acha feio o que não é espelho"

noite circense.

quando chover, lembre da cor dos olhos.
corre o que correr.
mas corra!
quando a música penar a alma penada, para de tocar.
é tanta chuva.
e a mãe já dizia pra não sair quando água vinha.
'xô' ver quanta chuva tem...
do alto da ladeira, lá deixo meu corpo se atirar.
mas não atire minh'amora, nem à tire de mim.
a velha à toa, atordoada, ri de mim do nada, e eu nado sobre o rio desta aguaceira.
noite serena.
noite circense, sem senso, sem sensores, sem censura.
cem por cento de nada.
e na lona rasgada, fim de chuva.
fim de palco.
sei de cór, que não tem mais cor.
a água levou tudo.
mas já tem um tom.
já tem um som.
do alto da ladeira, lá deixo meu corpo se atirar.
fico leve, mas não leve minh'amora!
e a velha à toa, atordoada, ri de mim do nada, e eu nado sobre o rio desta aguaceira.
e a chuva nunca para de cantar.

domingo, 17 de agosto de 2008

dos que verão (no inverno)

sem satisfação de quem viver,
de quem verá.
me escorre nas veias a falta de opção
corre a mentira de quem antes diz a verdade.
sentados no chá de certo crime, lembrado em outonos.
outrora dos dias que passaram pra eles, que verão no inverno.
é versão de quem diz o inverso.
dos que foram seu passado sem presente
sem presença
dos que tem fome e morrem de vontade
do dia em que todos eles te lembraram e te esqueceram.

domingo, 10 de agosto de 2008

poucas velhas vogais (em retalhos de cetim)

relacionar minhas dez mil e uma vidas paralelas nunca foi fácil, sendo assim, pude eliminar um dos (então) dez mil destinos que viriam à tona. meus padrões vão de belos a estranhos. arrebato amores à minha volta, liberto as memórias de cárcere da minha rotina.
as velhas vogais, ficaram longe de mim. na verdade, eu desliguei as vogais, converti em consoantes, muito tempo depois(nunca é tarde), é excesso demais. confusão demais. as (poucas) velhas vogais, se tornam novas, por minha vontade, minha procura, meu amor. pensando bem, amor é dividido por duas vogais e duas consoantes. então apago as duas consoantes, deixo como antes, vira "ao" mas como eu sou diferente, me adiciono no meio, junto minhas vidas em uma, e tudo se torna. retorna -AOS- m.eu.s amigos, melhores que quaisquer outros, que quaisquer tudo.

tudo novo (de novo) em retalhos de cetim, em poucas e velhas vogais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

a verdade (a ver navios)

na hora de acender a luz, ninguém dá nome aos bois (tudo fica pra depois)
ninguém paga pra ver, tudo fica prá trás (querem mais é esquecer)
mas é impossível repetir o que só acontece uma vez.
é impossível reprimir o que acontece toda vez que alguém acorda, porque já não aguenta mais, e a corda arrebenta no lado mais forte.
é muito engraçado que estejam do mesmo lado, os que querem iluminar e os que querem iludir.
minha alucinação é demais, é humano demais.
não pagar pra ver a verdade a ver navios... onde já se viu?

sábado, 2 de fevereiro de 2008

tododiassim

é preciso fé cega, pé atrás, olho vivo e faro fino.
não venha batendo, batendo porta.
bato antes, bato palma.
na noite, serei todo dia assim, e você sereia.
é ser cada areia, de cada arena.
no fim das contas, a gente faz de tudo, faz de conta...
...que eu fui mais legal.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

desdequando?

homens do ar não descem, mulheres do ar não descem, crianças do ar, velhos do ar, sempre mandam recado:
- tô fumando o cigarro da saudade e a fumaça escrevendo o nome dela.
o prazer de quem tem saudade, é saudade todo dia.

(lirinha)